Agridoce em Séries #3

 


Olá a quem ainda segue esse blog. Em uma época onde as pessoas procuram informações em vídeos de poucos minutos, dou muito valor a quem gasta um pouco de seu tempo valorizando o trabalho escrito de muitos blogueiros (incluindo, o meu!).
Eu estou bem atrasada com o Agridoce em Séries. Postei o último há cinco anos (!) e, claro, me sinto terrivelmente culpada por deixar de falar das melhores séries que lançaram nos últimos seis anos. Assim, volto a esta série de posts sobre o que amamos perder nosso tempo vendo (como todo bom Garfield!) e falando sobre.
Mas, ao invés de continuar a falar de séries (inclusive que podem já ter sido finalizadas) mais antigas, vou fazer o caminho inverso e postar sobre que estão bombando nos canais de streaming e que, ao menos uma delas, já virou uma obra Cult pela qualidade do conteúdo.

Como sempre, serão três séries e começarei pela que está começando a competir de igual para igual como uma famosinha da Netflix chamada Bridgerton. Já ouviu falar?
Bom, mas não é dessa que eu vou falar (kkkkkkk) e sim de sua concorrente à altura:


Sanditon

Sanditon se tornou a queridinha dos fãs de séries de romance de época que 1) são apaixonados por livros de romance de época (ou romance histórico ou "romance de banca", você escolhe a designação) e curtiram muito o lançamento da caliente Bridgerton e 2) amam quando algo da hors concours Jane Austen é lançado. Sanditon foi uma dessas joias que surgiram após o sucesso nos cinemas de Orgulho e Preconceito e de outras produções mais atuais baseadas nos livros da escritora inglesa.

Particularmente, essa série deveria ter se encerrado na primeira temporada já que se inspirou em uma obra incompleta de Austen, mas a recepção foi tão boa da parte do público e o elenco mostrou-se tão entrosado que houve a esperta percepção de que valia à pena darem a Sanditon uma continuação.
Mas após uma pequena sinopse, eu vou contar algo que mostra que quando uma série tem um bom conteúdo ela ganha corpo e asas para ir muito além de sua origem:

"Baseada no romance inacabado de Jane Austen, Sanditon conta a história de Charlotte Heywood (Rose Williams), uma jovem que, na Inglaterra do século XIX, se muda com a família para a cidade de Sanditon. Recém-saída do interior, a impulsiva Charlotte logo se vê confrontada com as intrigas e flertes locais. E o primeiro morador que cruza seu caminho é Tom Parker (Kris Marshall), um carismático e bem-humorado rapaz que sonha em transformar a monótona vila de pescadores em um resort elegante. Em seguida, Charlotte conhece Lady Denham (Anne Reid), uma viúva de caráter forte que se orgulha muito de seu poder e sua influência sobre os aldeões. Ao mesmo tempo, Charlotte se depara com o belo Sidney Parker (Theo James), que trabalha dia e noite para demonstrar o potencial de seu povo. Sem querer, ela acaba envolvida na vida desses e de muitos outros aldeões, com os quais entra em conflito devido a uma visão de mundo completamente diferente."

Sanditon é considerado o romance mais ousado de Jane Austen e mesmo que choque algumas pessoas a cena de nudez do protagonista da primeira temporada talvez trazer séries como esta e Bridgerton para o público ajude a quebrar um pouco da ilusão que se criou sobre a sociedade inglesa como puritana demais para temas como Sexo se aproximando de outros como Amor. Autoras como Austen podem ter criado/mantido essa visão sobre a sociedade inglesa, mas quando lemos/assistimos Sanditon percebemos que até mesmo Austen se cansou dessa pantomima de "sociedade perfeitamente pudica".

Atualização: Como eu disse, uma série quando é boa mantém-se por si mesma, e Sanditon começará no dia 19 de Março a sua 3ª Temporada. Ela pode ser assistida no Globo Play e na PBS (Amazon Prime Video + PBS Masterpiece).


E voltando para o século XXI, vamos mudar um pouco para uma temática diferente da série anterior. Assim, temos...


The Rookie

Imagine a sensação de desalento e desesperança que os fãs de Brooklyn Nine-Nine sentiram após o último capítulo da série em 2021 (foi de arrasar e falarei sobre a melhor série de comédia policial até agora em um outro Agridoce em Séries).

Mas eis que no fim do túnel havia uma luz... e um quarentão muito sexy e meio sem sorte, com um otimismo incorrigível e um senso de solidariedade que fez uma série policial sem qualquer pretensão se tornar uma referência daquelas!
Mas vamos à sinopse:

"Na série The Rookie, John Nolan (Nathan Fillion) está realmente nadando contra a corrente. Enquanto as pessoas da sua idade estão no auge da carreira e já possuem uma rotina definida, Nolan se arrisca na cidade grande com um único objetivo: realizar o sonho de se tornar um policial no Departamento de Polícia de Los Angeles (LAPD). Como o calouro mais velho da turma, ele encara todos os desafios dessa perigosa carreira, afinal, é sua chance de recomeçar a vida."

Vale lembrar que é uma série com uma boa dose de drama e com a mesma carga de piadas e situações inacreditáveis (vide a Chen balindo para tirar um bode teimoso de dentro da viatura!Méééééé).

Atualização: The Rookie já está na metade de sua 6ª Temporada (e não façam comparações entre séries policiais lançadas da mesma época. A temática acaba sendo diferente. Mas, claro, vocês deveriam reparar que vários atores que fizeram a série Major Crimes, também conhecida como Crimes Graves (2012), Resident Alien (2021) e mesmo S.W.A.T (2017) aparecem em The Rookie e não tem como não achar legal o vilão de uma série ser o mocinho de outra (vide o Tim que antes era um médico abusivo em The Good Doctor)). A série pode ser vista na Globo e no canal Paramount+.


E enfim, chegamos à melhor série de ficção científica já criada (eu sei, há outras tão boas quanto, mas agora é a vez de render honras ao cavaleiro solitário e seu fiel e fofo filho). E se adivinharam eu estou falando de...


The Mandalorian

Icônica seria a palavra certa para classificar a série criada e dirigida por Jon Favreau (que, sim, dirigiu filmes como Zathura e Homem de Ferro e atuou em alguns dos filmes que dirigiu - e quem esqueceria do Happy no final de Homem-Aranha: Sem Volta Para Casa. Eu não esqueci).

Mas falando de The Mandalorian, a série pertence ao panteão das produções do mundo de Star Wars com Luke Skywalker e cia. para "darem uma palhinha" e mostrarem que a série veio para se tornar o elo entre os primeiros seis filmes e os últimos lançados nesta década. Mas The Mandalorian se diferencia dos filmes por não focar na luta dos mocinhos Jedi contra os vilões do derrotado Império. Ainda que mostre bastante as consequências do que veio depois da queda de Vader e seus associados, o foco é no que o cavaleiro solitário, parte de um grupo que parecem monges guerreiros, tem de fazer para manter uma criança fofa viva e à salvo. Mas que tal dar uma lida na sinopse:

"Em The Mandalorian, acompanhamos a história de Din Djarin (Pedro Pascal), um guerreiro solitário que trabalha como caçador de recompensas. Ele embarca numa jornada pelos territórios esquecidos da galáxia, logo após a queda do Império e antes da criação da temida Primeira Ordem. O Mandaloriano está sempre buscando formas de melhorar sua armadura, até que recebe uma missão de um cliente misterioso no submundo de Nevarro. Ele precisa rastrear e capturar um alvo sem nome, de aproximadamente cinquenta anos e, apesar de seu cliente parecer não se importar, o Dr. Pershing (Omid Abtahi) insiste que seja mantido vivo. Então, ele encontra um ser enigmático da raça de Yoda que precisa de sua ajuda. O Mandaloriano escolhe proteger, como ele chama, “A Criança”. Em sua busca para entender as origens do pequeno, os dois são perseguidos por Moff Gideon, um ex-governador do Império que teve a vida impactada depois que os rebeldes destruíram a segunda Estrela da Morte."

Atualização: The Mandalorian inicia sua terceira jornada, ou melhor, Temporada no dia 1º de Março que pode ser vista no Dysney+.
 

Só informando que todas as sinopses vieram do site Adoro Cinema.

E por aqui eu fico, mas volto com mais séries que amo e sei que valem à pena dar ao menos uma olhadinha!


Boa semana e até a próxima!


Precisamos Falar sobre... Evolução

 

Fonte: weheartit.com

Há vinte e três anos alcançamos o vigésimo primeiro século d.C. dentro da caminhada humana sobre a Terra. Biologicamente falando, tivemos um salto rápido evolutivo em pouquíssimo tempo. Em poucas centenas de milhares de anos, fomos de parte dos primatas "descendo das árvores" a passar a andar sobre duas pernas. E o tempo passou. E cada espécie humana evoluiu dando lugar a última delas, conhecida como Homo sapiens.

Entramos, então, na reta final de algo que sequer aceitamos, mas que ocorre em uma velocidade impressionante. E isto é belo e, ao mesmo tempo, assustador.

E é sobre esta última característica do que nos acontece que desejo falar: o que nos assusta. Por nossa natureza, sentimos medo como gatilho para aquilo que gera perigo à nossa intensa temeridade física ou mental. Porém, este mesmo medo pode ser usado contra nós para nós manter alienados, controlados e submetidos. E por Eras foi assim que as relações humanas se deram: pelo medo.

Aprendemos tanto sobre isso que o tornamos algo normal em nossa existência e "ferramenta da vida social", mesmo sendo, como eu disse antes, algo primitivo; ligado à nossa origem animal.

Então, por que manter o medo como apoio, bengala, em nossa caminhada pela Terra?

Porque se nos livrarmos do medo teremos de encarar, primeiro, a realidade sobre como a Vida é; e, depois, aceitar que precisamos DESESPERADAMENTE evoluir.

Comecei a pensar nisso quando passei a refletir sobre pessoas que não aceitavam a situação calamitosa em que a espécie humana se viu nos dias atuais, vítima de uma Pandemia contagiosa e praticamente incontrolável. Estávamos diante do maior pesadelo de toda a Humanidade: a completa perda de controle sobre nossos destinos.

Quando uma pessoa nasce pobre, ela tem consciência de que sua situação socioeconômica não lhe permite ter total controle - ou algum controle - sobre sua existência, dependendo da quantidade de renda que tem ou não e de quem ela depende para viver. Esta é uma das infelizes consequências de se viver em uma sociedade regida por um sistema econômico que se ampara na exploração da força de trabalho das pessoas sem o justo retorno a elas: nos tornamos seres interdependentes crônicos uns dos outros.

E apesar disso parecer uma conexão saudável, é, na verdade, nociva às nossas vidas, pois impede que sejamos capazes de enxergar o ser humano para além de algum "objeto" que possamos usar para obter algo. Nossas relações, assim, se tornam vazias, rasas e superficiais.

E por que chegamos a este ponto de esterilidade nas trocas emocionais?

Porque construímos um "castelo sobre um gigantesco banco de areia" chamado História Oficial da Humanidade.

Avaliando cada pedaço desse ponto é fácil chegar a uma única e triste conclusão:


A História Humana (dos Homo sapiens) é uma História PATÉTICA.


Ela, a Narrativa da nossa caminhada sobre o planeta, se fez sobre a exploração de uns sobre outros e AFIRMOU que esta ilógica conduta, este comportamento física e emocionalmente ABUSIVO entre humanos, seria supostamente correto. E foi isso que, durante esses mais de vinte e um séculos “depois de Cristo”, aos poucos nos tornamos: seres patéticos, infantilizados e ensinados a temer o amadurecimento que insiste em nos empurrar para a frente. “Aceitamos” envelhecer, pois não há escolha (apesar da luta insana da indústria da beleza e de seus patrocinadores bilionários e sem tanto dinheiro assim para parar o Tempo). Mas não aceitamos todo o resto, inclusive a inevitável Morte de todos nós.

Isso não acontece por termos nascido essencialmente maus, mas, sim, porque de geração para geração foi ensinado às pessoas que elas não devem cortejar qualquer tipo de evolução porque evoluir envolve exatamente riscos não controláveis. E foi isso o que fizemos durante todos estes séculos:


NEGAMOS A EVOLUÇÃO!


E só a aceitaríamos se fosse para evoluir como os personagens de Ficção-científica, nos tornando sobre-humanos, fisicamente falando.

Por meio de magia, queremos evoluir.

Por meio de fantasiosas mutações, queremos ser fortes e suprahabilidos.

E queremos isso para ontem!

Porque nos filmes de Hollywood esta tal "evolução" já aconteceu desde que criaram um extraterrestre alcunhado de super-homem e o jogaram nas HQs e na telona do Cinema.

Para além disso, usamos a religião. Não importando a crença, acreditamos que somos especiais; que "descobrimos o caminho das pedras" que ninguém tinha encontrado antes e que estamos seguros dentro dele. Enquanto que, na visão particular de cada pessoa, o resto do Mundo - para além de nós - está desgovernado.

Mas sequer percebemos que nenhuma dessas formas de pensar, de querer enxergar a vida ou este planeta, nos retira do mesmo caminho que estávamos seguindo quando nascemos.

O da E-V-O-L-U-Ç-Ã-O.

Didaticamente falando, para a biologia, Evolução é "a mudança das características hereditárias de uma população de seres vivos de uma geração para outra. Este processo faz com que as populações de organismos mudem e se diversifiquem ao longo do tempo". Ou seja, o Tempo nos auxiliou e auxilia a avançarmos dentro do que biologicamente somos para algo ainda mais apurado. Mas quando chegamos ao ápice desta evolução específica, precisamos perceber que o fato de sermos seres racionais nos condiciona naturalmente a buscar dar um próximo passo em direção a um avanço que não ousamos encarar, pois envolve também a ideia de MUDANÇA. E a Sociedade que criamos não toleraria que o ser humano evoluísse nesse ponto, pois essa mesma Sociedade perderia o controle imaginário que tem sobre as pessoas.

E é este o motivo de eu escrever este texto.

Eu vi uma situação que ocorreu em São Paulo em 2020 em que policiais pedem a mulher para voltar para sua casa e não permanecer exposta ao risco de contaminação do Coronavírus. Porém, ela faz uma argumentação que me fez refletir sobre a forma como esta mulher pensava - que eu sabia ser a de milhares de pessoas, infelizmente: ela acreditava que a Pandemia da Covid-19 era uma invenção; uma mentira criada por um suposto grupo megapoderoso que queria subjugar todo um planeta ao ponto de “convencer” boa parte das pessoas a se isolarem e se protegerem dentro de suas casas.

É preciso dizer que foi isso o que me fez iniciar esta rota de reflexões, pois eu senti pena daquela mulher e das demais pessoas que seguem por este mundo dessa forma. Foi patética a forma como essa mulher reagiu a fala de alguém que queria protegê-la de se contaminar, contaminar a quem ela estima e mesmo, correr o risco de morrer de uma forma muito ruim.

Mas percebo que patética foi a chocante e nefasta construção de um discurso sócio-histórico absurdo que nos trouxe até o ponto de ver uma pessoa agir como uma criança pequena, negando-se a aceitar o obvio: que a Humanidade estava em um perigo real e imediato.

E por que isso aconteceu com aquela mulher e mesmo com quem NÃO QUIS aceitar que se encontrava no meio de uma situação caótica e calamitosa?

Porque foi isso o que a história humana ensinou às pessoas, ricas ou pobres: que para sobreviver nesse mundo era preciso negar que o planeta Terra fosse NATURALMENTE PERIGOSO, NOCIVO E HOSTIL A EXISTÊNCIA da maior parte das vidas sobre ele.

E isso incluindo e principalmente a existência do ser humano que continuamente o devasta sem lógicas razões para tal.

Nos somos educados para acreditar no fantasioso, no irreal. Buscar o que é ALIENÁVEL, como a perfeição, e jamais aceitar a realidade como ela é e se apresenta. Porque a realidade sempre aponta para os nossos "pés de barro", não importa se os escondemos sob calçados que custam milhares de dólares, euros e etc. O fato de sermos uma das ESPÉCIES MAIS FRÁGEIS do Reino Animal e de não termos mais nenhuma estrutura biologicamente evolutiva para se desenvolver é o que desespera quem nos “guia” para onde nem eles que vão.

A fragilidade e mortalidade humana é algo que, com o tempo, tornou-se uma forma de nos empurrar para a frente, ignorando a curta vida que temos nesse planeta e buscando preenchê-la com eventos e situações vazias de conteúdo, mas que nos distanciam da dor do que nos faltará até o dia em que morrermos: O SENTIDO PARA A VIDA.

É isso o que não queremos enxergar (e quem comanda o jogo social prefere assim): que não percebamos que A VIDA NÃO TEM SENTIDO ALGUM. Exceto o que damos a ela.

Mas se não temos algo chamado MATURIDADE emocional, jamais seremos capazes de dar à vida algum sentido lógico e que preencha o vazio que todas as pessoas sentem. E é por isso que é preciso falar de Evolução; pois é por meio dela, de uma consciente e responsável evolução mental e emocional, que somos capazes de tornar nossas existências menos... patéticas.

Porque infelizmente foi isso o que a Vida Humana na Terra se tornou quando se decidiu criar regras sociais incoerentes onde as particularidades de ser um Ser humano eram obrigatoriamente apagadas ou silenciadas. A sociedade desde tempos imemoriais criou normas para tentar homogeneizar a todos de maneira a ocultar o que não considerava correto ou que não compreendia; e de maneira a tentar impedir que o que não podia ocorrer, fosse evitado (aquele próximo passo que DESESPERADAMENTE precisamos dar para sobrevivermos a nós mesmos): a EVOLUÇÃO MENTAL E EMOCIONAL.

Porque apenas em um mundo que aceita a mudança, uma pessoa não colocará sua vida em risco por medo do que não entende ou por achar que algo mais fácil de ser assimilado é o que pode ser o correto; e porque a Humanidade precisa romper com o silencioso e oculto acordo de se manter a maioria dos seres humanos infantilizados em idade adulta.

SOMOS ADULTOS INFANTILIZADOS, somos ensinados desde cedo que temos responsabilidades quando deixamos a adolescência, mas que podemos protelar cumpri-las se assim quisermos.

É importante para quem comanda o jogo social manter as pessoas sob esta crença pois é mais fácil controlá-las:


crianças são mais fáceis de manipular do que adultos maduros, correto?


Idiotizar adultos plenos como acontece no Brasil atual - e em muitos países onde a manipulação social é explícita - é a melhor forma de se manter o Poder e o controle sobre todos; porque pessoas que abrem mão de suas escolhas - em geral, por medo (que vira acomodação com o tempo) - não evoluirão para tornar-se seres maduros e donos de suas escolhas SEM MANIPULAÇÃO.

Infelizmente, muitas pessoas permanecem assim, alienadas de si mesmas e permitindo que outros decidam por elas sobre que caminho seguirão. E mesmo sabendo que o final desse caminho pode ser pior do que encarar o mundo com escolhas maduras e racionais, elas preferem abrir mão de decidir, de escolher.

São "crianças grandes", como dizem. Adultos infantilizados que não aceitam que a Evolução não vai parar porque elas e eles fazem birra, causam confusão e gritam palavras histéricas e estúpidas contra o que não podem lutar.

O Mundo não voltará ao Passado.

Ele nunca volta.

E esses momentos críticos de nossas existências aponta para isso. Estamos diante de décadas de lutas sociais onde, aos poucos, o mundo mostra uma busca pela Evolução que não permite retrocesso, não importa o que tentem. Os discursos de "homogeneização" humana não são válidos e sua base tem mais vãos que um "pneu biscoito". E mesmo a situação mundial nos empurra para que nos conectemos de verdade uns com outros para, literalmente, sobrevivermos protegendo uns aos outros, de nós mesmos infelizmente.

Sendo assim, a Evolução mental e emocional é INEVITÁVEL e necessária em absoluto se queremos enquanto Humanidade que chegar a ver o começo de um novo tempo. E, para isso, não mais podemos nos deixar levar por discursos gastos, vazios de sentido e sem um propósito voltado para a manutenção da Vida. Porque o ser humano precisa apenas sobreviver a si mesmo; às suas neuras, invencionices e absurdos que só existem dentro de sua própria cabeça (e que de nada servem para a Humanidade), para conseguir enxergar o que existe para além da barreira que o medo do desconhecido construiu usando a mesma conversa requentada do passado sobre o que supostamente seria “o certo” e “o errado”.

ACEITEMOS EVOLUIR, amadurecer. Aceitemos nos tornar mais humanas e humanos dentro das nossas diferenças que nos interconectam. E aceitemos que somente vamos dar os próximos passos, ultrapassando essas situações terríveis que vivenciamos de doenças, guerras, destruição gratuita, egoísmo e ódio, se estivermos de mãos dadas por um futuro possível, equitativo e demasiadamente... Humano!


E Sobre a Terra, a Liberdade Havemos de Fazer - Resenha O Fascismo Eterno




"O fascismo não possuía nenhuma quintessência e sequer uma só essência", explica Umberto Eco.
"O fascismo era um totalitarismo fuzzy. Não era "uma ideologia monolítica, mas antes uma colagem de diversas ideias políticas e filosóficas, um alveário de contradições."

Daí vermos tantas características nos fascistas que não são similares as de sua gênese italiana. Hoje, o fascismo se liga principalmente ao eu antes do todo, fala e luta por deuses que são mais ligados ao neoliberalismo do que a doutrina pensada mas não executada por Mussolini de um "Estado ético  e absoluto".
Os fascistas de hoje querem dinheiro e bens para ostentar, gritam palavras de ódio contra quem brada por pão e vida mas, na verdade, apenas querem o modo de existência que invejam de ricos e dos países europeus.
Apesar das particularidades, como de acordo com interesses, optarem por uma crença religiosa, mesmo que não não a pratique em si, o deus do fascista moderno é o Mercado de Ações, por exemplo; mesmo que nada se entenda do assunto, as flutuações cambiais são a energia que fazem o fascista de hoje gritar contra programas públicos de ajuda social e exigir "Estado mínimo", "meritocracia", e outras falas que coadunam-se mais com um pensamento distorcido sobre o liberalismo do que com uma teoria precisa como o nazismo foi/é.
É um fato que este último foi regurgitado pelo fascismo mas as semelhanças não se mantém após isto pois enquanto o original não mantinha objetivos claros (como bem disse Eco, era uma "colagem de diversas ideias políticas e filosóficas"), o nazismo era preciso em seu ódio.
O "partido fascista [italiano] nasceu proclamando sua nova ordem revolucionária, mas era financiado pelos proprietários de terras", mostrando uma pseudofilosofia caótica e dúbia ao invés de uma teoria focada ou mesmo racional. Umberto Eco fala,  como exemplo, da arquitetura e de prêmios que eram mantidos por fascistas incultos ou se não incultos, validados por seu nacionalismo exacerbado. E este ponto é importante pois o Saber, algum nível de conhecimento ou mesmo o respeito à fatos não são necessários pois  o fascismo era o culto ao "irracionalismo" da ação pela ação. "Pensar é uma forma de castração. Por isso, a cultura é suspeita na medida em que é identificada com atitudes críticas."
"Da declaração atribuída a Goebbels (“Quando ouço falar em cultura, pego logo a pistola”) ao uso frequente de expressões como “Porcos intelectuais”, “Cabeças ocas”, “Esnobes radicais”, “As universidades são um ninho de comunistas”, a suspeita em relação ao mundo intelectual sempre foi um sintoma de Ur-Fascismo", pois a capacidade de refletir sobre a realidade gera a crítica o que de errado é este desvario que até mesmo não deveria ser chamado de 'ideologia' pois ele condena o pensamento de qualquer tipo que gere crítica em si.
Condena-se a modernidade e por isto, a critica que a gera. Os avanços tecnológicos podem ser utilizados em proveito próprio mas a Ciência em si com seu criticismo é condenada, pois ela gera hipóteses, teses, antíteses e sínteses e o empirismo em si leva a crítica, dando a volta e retornando ao que o fascismo repudia: o pensamento crítico.
Repudiar o pensamento critico é não abrir espaço para distinções,  para o que é diferente. Por isso, por definição o fascismo é racista.
Outro ponto que Eco ressalta é de onde o fascismo pode surgir: da classe média, frustrada por alguma crise - como a econômica - ou humilhada por pressões sociais que causem desequilíbrio sobre a frágil e repulsiva pirâmide socioeconômica de uma sociedade. A ascensão de pobres por meio do consumo ou acesso à um determinado nível de Educação gera o afloramento de ideias fascistas em reação advindos de uma completa ignorância abraçada a atos impulsivos e irracionais. Ver História do Brasil 2013-2021.
Pra fazer valer estes ideais, o fascismo,  segundo Eco, se vale de um nacionalismo fabricado por meio da xenofobia, onde a riqueza e/ou poderio (mesmo que fictício) de algum povo estrangeiro possa ser usado para gerar ódio (a estrangeiros em geral, vazio de origem e de propósito) contra ele. Além disso, há o ensejo a a ideia de uma "guerra permanente" onde se vive para lutar; o culto ao elitismo onde a esterilização social ocorre por meio do desprezado a um grupo imediatamente inferior (daí, por exemplo, a "necessidade" quase obsessiva da classe média em odiar os pobres mesmo estando mais perto deles do que da classe rica). Bem como ocorre a ideia de heroísmo como norte de vida e juntando este à noção distorcida de guerra permanente, vemos florescer o Machismo (que vai desde o desprezo as mulheres até a homofobia por ligarem a homossexualidade a ser mulher), algo que em si é também distorcido, fabricado, pois o machismo e tanto forma de opressão de mulheres quanto de controle de homens enquanto ferramentas usadas para oprimir mulheres.
Eco nos lembra que não há direitos dentro do Ur-Fascismo pois a qualidade de não o possuir é que supostamente tornava o grupo superior. Porém, a vontade uma parcela pequena ou de apenas um individuo deveria ser aceita como a vontade do todo. Assim, extinguem os parlamentos,  os sindicatos, as associações civis pois eles "não são necessários". A voz do líder é "a voz do povo" mesmo que ele fale contra o próprio povo, segundo o Ur-Fascismo.
E um claro e contundente lembrete sobre os dias atuais em um certo território abaixo da linha do Equador:
"Cada vez que um político põe em dúvida a legitimidade do Parlamento por não representar mais a “voz do povo”, pode-se sentir o cheiro de Ur-Fascismo." E se o Parlamento abraça e concorda com tal expressão, o Ur-Fascismo se evidencia por completo.
"Devemos ficar atentos para que o sentido das palavras ["liberdade", "ditadura"] não seja esquecido de novo. O Ur-Fascismo ainda está a nosso redor, às vezes em trajes civis", ternos bem cortados, bem como "sob as vestes mais inocentes. Nosso dever é desmascará-lo e apontar o indicador para cada uma de suas novas formas — a cada dia, em cada lugar do mundo."


Sulla spalletta del ponte
Le teste degli impiccati

Nell’acqua della fonte
La bava degli impiccati
Sul lastrico del mercato
Le unghie dei fucilati
Sull’erba secca del prato
I denti dei fucilati

Mordere l’aria mordere i sassi
La nostra carne non è più d’uomini
Mordere l’aria mordere i sassi
Il nostro cuore non è più d’uomini.

Ma noi s’è letta negli occhi dei morti
E sulla terra faremo libertà
Ma l’hanno stretta i pugni dei morti
La giustizia che si farà.

Franco Fortini

 

Até a próxima!


A Última Colônia: Impressões sobre Guerras e Paz

Como sempre são as obras do Scalzi, A Última Colônia de John Scalzi foi incrível! Fechou com chave de ouro a saga e mostrou que uma trilogia sobre guerras não precisa necessariamente esquecer da parte humana para além dela.

Scalzi fez isto por meio do John e nos premiou com sua humildade diante da grandeza das civilizações contra as quais ele ainda continuou lutando nesta obra.

E é nisso que Perry e Sagan diferem de seus ex-chefes pois dão mais valor à humanidade que há neles do que no poder de aniquilar outras civilizações como há décadas a UC e os demais povos por todo o universo conhecido vem fazendo.

Nisso, vemos Scalzi trazendo de volta o mote de John Perry do primeiro livro (leiam Guerra do Velho para entender!): suas noções de respeito pela vida e do quanto a Guerra em si é e sempre será um erro.

O livro de Scalzi foi excelente em mostrar isto e gerar a reflexão do quanto podemos destruir sem levar em conta que, no meio disso, também seremos destruídos em contra partida.

A jornada de John se encerra, mas os pontos deste livro, se bem guardados nas mentes dos leitores, os ajudarão a compreender que ficção científica de guerra sempre possui uma gigantesca crítica ao erro de considerar a guerra como uma opção diante da vida, do universo e de tudo o mais que possa estar lá fora.

Chegamos em um momento em que John e Jane não mais desejam ser parte das tropas da União Colonial e mesmo de uma guerra que eles descobrem não ser mais sobre a segurança da Terra e de quem vem de lá, mas, sim, sobre o poderio de uma ou outra espécie no Cosmos. Então, eles decidem viver em uma das colônias, mas logo são arrastados de volta para o meio das conspirações e tramoias, que são democráticas e surgem de todos os lados.

Eu recomendo aos leitores deste gênero os três livros da trilogia 'Guerra do Velho' a todos que costumam erguer os olhos em uma noite estrelada e pensar sobre quem estará fora nos olhando aqui embaixo.

Até a próxima e boa leitura!🖖🏿

O Feminismo Negro e um Futuro Real e Possível para a Humanidade - Resenha

Falar sobre Quem tem Medo do Feminismo Negro?, de Djamila Ribeiro, é falar sobre a realidade em que vivem milhões de mulheres negras pelo mundo afora. Ela se não apenas entendem e conhecem bem o que são o racismo e o machismo como também os vivenciam todos tempo na pele todos os dias. E mais ainda, é falar sobre a necessidade de que estas mulheres não apenas sejam enxergadas e ouvidas mas também, pela evolução que a sociedade desesperadamente necessita, que sua luta se torne a luta de toda a Humanidade.

Como bem disse a jornalista e ativista negra Monique Evelle, “Nunca fui tímida, fui silenciada”, as mulheres negras no tocante ao Brasil não são mulheres que não desejariam ser ouvidas, mas, ao contrário, eram e são preteridas e silenciadas pelo discurso normatizador racial e misógino mantido por todos que lhes relegam a posição de 'não-seres humanos'.

Grada Kilomba, citada no livro, lembra que por "não serem nem brancas nem homens, as mulheres negras ocupam uma posição muito difícil na sociedade supremacista branca. Representamos uma espécie de carência dupla, uma dupla alteridade, já que somos a antítese de ambos, branquitude e masculinidade. Nesse esquema, a mulher negra só pode ser o outro, e nunca si mesma. […] Mulheres brancas têm um oscilante status, enquanto si mesmas e enquanto o “outro” do homem branco, pois são brancas, mas não homens; homens negros exercem a função de oponentes dos homens brancos, por serem possíveis competidores na conquista das mulheres brancas, pois são homens, mas não brancos; mulheres negras, entretanto, não são nem brancas nem homens, e exercem a função de “outro” do outro."

Por isso, o Feminismo Negro se torna urgente e necessário,  pois rompe tanto com a negação diante das identidades que caracterizam a mulher negra quanto com a noção limitada de que os preconceitos afetam apenas grupos específicos e que não reverberam nocivamente para toda a sociedade (que acredita que ao combater apenas um deles, os demais não auxiliarão na reconstrução do que foi atacado).

E este é um erro que dentro do próprio movimento feminista se mostra. A ingenuidade de acreditar que não existe uma justaposição dos tipos de opressão e que ao lutar apenas em uma frente, desprezando aquelas que não atinge os demais grupos, ou um grupo que se considere "principal", pode-se supostamente gerar uma sociedade onde machismo, racismo, classismo e lgbtqifobia não mais existirão.

Não, não apenas pensar assim é não querer enxergar o todo, como também é sequer arranhar aquilo que gera e necessita da permanência de cada preconceito, chamado, patriarcado.

Por isso, é válido o apontamento feito no livro de que, "ao perder o medo do feminismo negro, as pessoas privilegiadas perceberão que nossa luta é essencial e urgente, pois enquanto nós, mulheres negras, seguirmos sendo alvo de constantes ataques, a humanidade toda corre perigo."


Se realmente queremos viver em uma sociedade que não se move por meio de preconceitos e opressões precisamos aceitar a mudança como necessária para a evolução social que tanto desejamos. E a mudança é por meio da interseccionalidade de lutas e da aceitação de que a luta feminista não apenas é de todas, todos e todes como também deve ser Antirracista, Antimachista e Anticlassista, para por meio disto, alcançarmos o objetivo de uma sociedade erguida sobre a equidade e focada no bem estar de todes.


Um Novo Ano sem Preocupação com Metas de Leitura [Janeiro 2021]



Depois de um novo hiato, volto a escrever aqui. Muita coisa aconteceu no último ano e, infelizmente, influenciou em todos os assuntos nas vidas de todes nós. Às vezes, me pergunto se a esperança que sempre temos no início do ano não é um desejo vão de termos ao menos onze meses de menos problemas do que normalmente surgem nas nossas vidas.

E para o ano passado, tinha sido isto que eu desejei quando Janeiro começou. Mas não foi nem sequer perto do que aconteceu, afetando até mesmo meu nível de leitura. Passei pelo menos oito meses sem ler um livro sequer. Me parecia impossível focar em algo que me tirasse das preocupações sobre proteger-se de algo que sequer tinha cura. Quando outubro chegou, aos poucos eu voltei a ler, mas apenas engrenei no finzinho do ano, chegando à marca (impressionante para mim!) de doze livros lidos apenas em Dezembro.

Foi inacreditável para alguém que não conseguia se concentrar em nada, exceto nas tristes e preocupantes notícias que nos chegavam sobre aquilo que passou a unir todo o planeta: a Pandemia de Covid-19.

Mas eu percebi que me sentia no meio de uma completa desorganização pessoal. Escrevi bastante ano passado, no entanto, parei depois de novembro e só retornei à escrita neste mês, Fevereiro de 2021. Foi algo que me fez falta e percebo isto, mas o lado bom é que meu terceiro livro está quase terminado (Eba!!!🥳). Então, logo sigo para a revisão dele e, depois, a edição; onde estará pronto para ser publicado.

Algo bom rendeu deste último, turbulento e assustador ano de 2020, que parece ainda não ter terminado.

Ainda estou buscando respeitar à risca o isolamento social em nome da saúde (Fique em casa, se puder!), mas tanto o retorno da prática da escrita quanto a organização para a leitura (que foi o que me salvou em dezembro passado ao ponto de conseguir ler mais do que normalmente leio) foram duas coisas que não esperava ter depois de um ano tão difícil.

Assim, neste ano, apesar de ter escolhido uma meta de leitura no Goodreads, eu a deixei em aberto para este ano sem qualquer cobrança. Tenho mais de mil e quinhentos livros selecionados tanto no Goodreads quanto no Skoob para leitura futura, mas o tamanho da lista sempre me deixava angustiada e ansiosa e eu não sabia o que ler primeiro, porque queria ler todos...

Esta é uma característica do Ser ansioso: sempre quer fazer tudo para ontem.

Então, em nome de minha paz e tranquilidade, eu me dei o direito de não permitir que a ansiedade faça as regras e até mesmo nas minhas leituras, mudei o jogo. Hoje eu estou lendo dois livros por dia. Parece muito, mas são poucas páginas de cada um deles; o que faz com que eu não me sinta sobrecarregada, não enjoe da leitura depois de dois, três dias (já que ler apenas um pode causar isto) e me ajuda a ler o tanto que quero sem atrapalhar minhas atividades diárias.

Fiz em Dezembro uma lista pequena dentre aqueles que quero ler e deixei-a apenas como uma sugestão de leituras futuras para este ano. Assim, não me estresso sem saber o que ler e se não gostar de um, posso ler o seguinte sabendo que não vai causar nenhum problema.

Comecei a ler em 1º de Janeiro, empolgada com esta organização mais simples. Eu marcava que estava lendo um livro nas redes sociais, mas só voltava nelas para registrar a conclusão da leitura. E só fiz isto para ter controle e noção do que estava lendo e quando eu terminava uma leitura.

Além disso, participei de uma leitura coletiva do Clube Sentimento do Leitor e achei bem interessante conhecer outros leitores, além, claro, papear muito sobre o livro. Enfim, foi um mês cheio de atividades, mas que me desviaram, quando era necessário (para não pirar de preocupação com a realidade atual), para leituras que me agradaram muito.



O que Eu li


A Troca - Beth O'Leary (Epub): 🌟️🌟️🌟️🌟️
Alguém para Amar - Mary Balogh (Epub): 🌟️🌟️
Astérix Entre os Belgas - René Goscinny (Epub): 🌟️🌟️🌟️
As Coisas Que Você Só Vê Quando Desacelera - Haemin Sunim (Epub): 🌟️🌟️🌟️🌟️,5
Calafrio - Sandra Brown (Epub): 🌟️🌟️🌟️🌟️ - resenha
Americanah - Chimamanda Ngozi Adichie (Epub): 🌟️🌟️🌟️,5
Vox - Christina Dalcher (Impresso): 🌟️🌟️🌟️
Como Parar o Tempo - Matt Haig (Epub): 🌟️🌟️🌟️,5



O Destaque


Apesar de não ter recebido 5 estrelas e outros terem chegado perto disso também, um livro que eu recomendaria a leitura foi As Coisas Que Você Só Vê Quando Desacelera, do monge budista Haemin Sunim. É um livro de leitura rápida mas que pede que se pare para uma reflexão a cada página. Eu li este livro na parte da noite e acordava no dia seguinte me sentindo pronta para enxergar o mundo com menos reserva e dureza. E ainda que neste mês eu tenha propositadamente lido mais mulheres, este livro, dentre alguns que me renderam uma grata alegria por tê-los escolhido como leitura para iniciar o ano, me proporcionou a sensação de bem estar que, às vezes, uma boa leitura é capaz de gerar.


Citações:


"Conhecemos o mundo apenas pela janela da mente.
Quando a mente está agitada, o mundo também, está.
Quando a mente está em paz, o mundo também está.
Conhecer a nossa mente
é tão importante quanto tentar mudar o mundo."


"Ame-se apesar das suas imperfeições.
Você não sente autocompaixão quando enfrenta desafios ao longo da vida?
Você está muito ávido por ajudar os seus amigos, mas trata a si mesmo muito mal.
Acaricie seu coração de vez em quando e diga para si mesmo: "Eu amo você."


"Tudo neste Universo é efêmero.
E porque é efêmero, também é precioso.
Aproveite este precioso momento com sabedoria e beleza."



O que me Motivou a Ler


Como falei antes, eu não tenho o hábito de ler regularmente. Em geral, eu escolhia um livro e sentava para lê-lo até terminar. O que nem sempre era possível porque, para além da leitura, havia a minha vida para ser vivida, e isto acabava me frustrando. Ou eu deixava de dormir para ler e tentando não atrapalhar as atividades do dia. Mas negligenciando minha saúde.

Então, decidi manter o formato de dezembro do ano passado e isto me envolveu como um abraço de tranquilidade que eu nem esperava. Posso agora ler os livros que quero(sem me preocupar com a quantidade que vou ler este ano) e leio poucos páginas diárias sem me perder na leitura ou me cansar dela, pois sempre tem o segundo livro para me distrair da primeira leitura.

Assim, eu me senti muito bem quando o mês terminou e eu me surpreendi ao ver que tinha lido, não os quatro livros que eu esperava ler, mas, sim, o dobro disso. A organização sem a parte do estresse, me permitiu ler mais, de maneira relaxada e divertida.


Para Encerrar


Eu realmente fiquei satisfeita com o resultado de dezembro sobre minhas leituras. Foi difícil pensar em voltar a ler, pois me sentia desanimada em ler pouco, deixando dias e até semanas de lacunas entre uma leitura e outra. Então, eu aconselho a quem tem interesse em ler uma quantidade boa mas sem se preocupar realmente em ler muito, focada apenas em aproveitar a leitura, que use esta organização. Vá devagar na leitura diária e escolha livros que realmente queira ler, e não apenas por ser um lançamento (ou porque "todo mundo está lendo").

E em Fevereiro continuo com a organização de leitura sem esperar muito. Mas mantendo o hábito diário de um numero X de páginas, posso dizer que valeu à pena demais esta mudança.



Boa leitura!💖️


Calafrios e Tensão em meio a um Mistério Gelado... - Resenha


Calafrio
foi o sexto livro da Brown que li. Alguns, eu não apenas gostei como se tornaram meus favoritos, por causa do cuidado com a construção do plot e de seus personagens. Outros, eu definitivamente preferi esquecer de ter lido e em respeito aos outros leitores não vou perder tempo com críticas negativas a eles.

Mas ainda assim, eu tinha interesse em ler este livro há tempos. Neste ano, ele entrou em minha meta de leitura e desde o início me prendeu.

A sinopse diz que é a história de uma mulher que fica presa em um uma cabana no alto de uma montanha, durante uma terrível nevasca, na companhia de um serial killer. Achei o plot interessantíssimo e apesar de parecer muito com um livro de Brown que li anteriormente, "Caminhos Sombrios", temi por um lado que o final fosse desconcertante como em 'Caminhos...' e por outro, esperei que o desenrolar da história fosse chocante.

E foi. Ambos.

Tanto chocante e satisfatório quanto desconcertante. Ainda me pergunto o que a personagem principal feminina fazia nesta história, além das cenas callientes de sexo. Porque no todo, ela não era o real motivo de o plot ter sido criado e se desenrolar.

Este livro é sobre dois personagens principais, seus desejos e angústias e a rivalidade que cresce exponencialmente entre eles. Calafrio é tão somente sobre Dutch e Tierney. Ou Tierney e Dutch. Eles são o motivo da história se desenvolver e a mulher entre eles é apenas uma desculpa para se odiarem e tentar se destruir mutuamente.

Assim, Tierney é o suspeito ideal de ser um serial killer que pode ter sequestrado e matado cinco mulheres. E, de qualquer forma, as primeiras páginas do livro o colocam no local da desova olhando para as covas preenchidas e para uma recém-aberta.

Ao longo da história não há como não desconfiar dele. Todos os indícios apontam para aquele homem forte, experiente em montanhismo e frio, entre outras habilidades. Ele é o suspeito perfeito.

Porém, no extremo oposto está o ex-marido da mulher que acompanha Tierney na espera pela nevasca passar. Um homem violento, descontrolado, egocêntrico, ciumento, extremamente agressivo, inseguro, com uma baixa autoestima tão grande quanto o tamanho de seu ego ferido e de quem a ex-esposa tem medo.

Este é Dutch, o chefe de polícia que precisa chegar a cabana antes que sua ex-mulher se torne a sexta vítima do psicopata que anda matando as mulheres de sua cidade.

E a história mostra o desenrolar das ações destes dois homens. Fala de uma pequena cidade ao pé da montanha com seus moradores cheios de segredos e ódios e nos leva a supor, a cada página que não é apenas de Tierney que devemos suspeitar, mas também dos que se beneficiariam com ele ser o serial killer; e mesmo se não fosse, de ser morto por aquilo; desviando as atenções de outros crimes que são cometidos dentro da pequena Clearly: como tráfico de drogas, adultério e aliciamento de menores de idade.

A cidade é bela e aparentemente pacata, mas é tudo menos um lugar onde a paz existe. Os moradores são moralistas mas nos bastidores, agem de maneiras piores do que a "gente da cidade grande" e mostram que, diferente do que se pensa, os pecados de uma cidade maior podem existir em uma pequena e superficialmente tranquila localidade.

E quanto a personagem feminina principal, Allison, a história é bem simples. Ela se separou de Dutch e conhece Tierney há anos e eles sentem uma atração evidente um pelo outro. E isto, mesmo ela suspeitando dele ser um assassino de mulheres.

A história se desenrola com a espera do fim da nevasca e a chegada de ajuda para socorrer as duas pessoas presas na cabana, ou aparentemente, resgatar apenas Allison das mãos de Tierney; e até o fim da história não se sabe se é realmente um salvamento ou se o assassino não terminará o serviço na cabana.

Foi um livro que me prendeu e que eu o devorei em pouco tempo. O ritmo intenso das cenas foi admirável. Aplaudo Brown pela competência nesta obra! Mas, como sempre ocorre (e eu não entendo porque as autoras mulheres não saem da caixinha sexista de criar personagens femininas que necessitam serem salvas por sua estupidez ou completa incapacidade de ação), Allison é uma "mocinha no alto da torre esperando ser salva do dragão". Ela, no começo, parece decidida e ativa, capaz de ser a pessoa que pegará o assassino em série de mulheres. Eu passei boa parte da história esperando algo deste tipo, no melhor estilo Lisbeth Salander. Se temos uma referência tão incrível da capacidade das mulheres de serem mais do que a sociedade sempre espera delas, esta é a personagem principal de 'Os Homens que Não Amavam as Mulheres'. É claro, Lisbeth não é a única.

Mas Allison, a corajosa Allison, a destemida Allison que fazia canoagem - descendo um rio perigoso inclusive -, revela-se uma mosca morta, que incrivelmente transa com o principal suspeito de ser um psicopata serial killer (ISTO PARECE UM BAITA SPOILER DE UMA CENA QUE POR LÓGICA TODO MUNDO ESPERAVA ACONTECER, NÃO?).

Enfim, ela não é a principal da história. É uma desculpa para dois machos alfa entrarem em uma disputa de egos até o fim. Até que um deles seja morto. E isto fica evidente diante do fato de que o cara mais do que desesperado corre todos os riscos possíveis, quase morrendo, fica todo machucado para tentar salvar a protagonista feminina e a mulher ao invés de estar ao lado dele no fim, fica em casa, esperando que ele se recupere, se livre dos problemas que arrumou e venha atrás dela para afinal ficarem juntos.

Essa na verdade, foi a parte que fez o livro perder uma estrela para mim. Em geral, eles perdem quando ocorre um assassinato. Morte natural, não perde, mas assassinato, sim. Porém, neste, a estrela se foi porque a personagem principal feminina que a Brown criou é uma MOSCA MORTA!

Então, tirando a "mosca", este livro me envolveu e me causou muita satisfação pela leitura. É uma romance policial de suspense que eu recomendo. E em todo livro da Brown rola uma (umas) cena quente de sexo. É puritanismo pensar que não poderia haver (apesar de que foram cenas demais, na verdade, para uma história tão gelada e que praticamente recomendava que as pessoas se mantivessem bem aquecidas em suas proprias roupas. kkkk). E, de qualquer forma, as cenas de ação eram tão intensas que as de cenas de sexo ficaram meio perdidas sem gerar tanto interesse, pois os assassinatos e outros problemas que apareceram roubaram toda a atenção.

Calafrio foi uma obra bem escrita e que eu recomendo a todes que desejam um bom livro de suspense. Não é esperado descobrir a verdade até o final, mas é salutar desconfiar de todos os homens deste livro que parecem desprezar as mulheres com quem convivem e mesmo as com quem não tem muito contato.

Foi uma leitura arrepiante, gelada e digna de seu título.


Eu ♥ Este Livro #7 - Como se Apaixonar por uma História tão Simples e tão Bela

Quando decidi começar a ler esta história, jamais imaginei riqueza que ela teria a ofertar.

Esta é a Graphic Novel Blossoms in Autumn dos ilustradores e escritores Zidrou e Aimée de Jongh.
Nela narra-se sobre a jornada de duas pessoas que chegam à terceira idade e avaliam o que viveriam. Em parte, com arrependimentos, mas em parte com certo saudosismo. Mas o que mais a história fala é sobre algo que angustia a todas as pessoas, porém, que esquecemos que é certo tocar mais profundamente em quem se torna idoso.

O personagem masculino é quase um idoso e se torna um aposentado. Algo que tanto quanto a velhice é tratado como indesejável, ou um sinal de "fim da vida", pois a sociedade ocidental não sabe como lidar com nada que não se refira à Juventude. Já a personagem feminina é um pouco mais velha do que ele e sente, como acontece com todas as mulheres os efeitos da idade como algo que se relaciona, e muito, com a progressiva "perda da juventude", ainda que esta "perda" não devesse ser considerada como essencial.

Ambos tem suas vidas alteradas após iniciarem uma conversa casual e investirem no que surge. E isto os leva a descobrirem o amor, o desejo, o prazer em estar com outra pessoa, desejo físico e, por fim, a alegria que a vida ainda reserva a eles e que não conseguiam enxergar quando seus caminhos ainda não haviam se cruzado.

E deste encontro, temos um final surpreendente, que vale todo o percurso que fazemos acompanhando a jornada destes dois encantadores seres.

Confesso que foi uma leitura que não apenas me cativou, mas também me surpreendeu de uma forma positiva. Me fez confirmar o que eu sabia sobre as pessoas envelhecerem, e suas dúvidas e questionamentos sobre a Vida, o Universo e Tudo Mais permanecerem. E me fez perceber que seguir pela jornada que é a Vida nos leva bem mais longe do que se pode imaginar se afinal escolhermos nos arriscar.

Para saber mais sobre, clique aqui!

Até a próxima!

Eu ♥ Este Livro #6 - Como Política e Religião podem Trabalhar juntas em Benefício Material 'Apenas' de Ambas...

Apesar de A Inquisição , livro da doutora em História Anita Novinsky, ser apenas uma rápida introdução sobre trezentos anos de violência legalizada, o livro é capaz de abranger a maioria dos grandes eventos que ocorreram antes, durante e após a mudança de nome da inquisição. Bem como analisa os fatos da ocorrência chamada Inquisição surgindo em dois países que não haviam sofrido com nenhum tipo de totalitarismo até o fim da Idade Média europeia. 
A mudança neste caráter da vida na península ibérica, foco principal do livro, é objetiva e acertadamente apontada pela historiadora Anita Novinsky como sendo tanto de caráter social quanto pelos dois pilares de manutenção dos grupos que sempre norteiam os caminhos das sociedade: o Poder e o Dinheiro.
Mais do que a luta pela "pureza de sangue" ou por uma "unidade" que nunca foi necessária, no caso da Espanha - visto que era uma nação que se mantinha pacifica, com suas diferenças culturais, religiosas e sociais com mouros,  judeus e cristãos convivendo sem disputas ou mesmo o sem uso do racismo e da violência como palavras de ordem antes do século XV -, a Inquisição surgiu e manteve-se por tantos séculos porque o Estado ambicionava as riquezas que sabia que grupos, como o dos judeus, tinham em grande quantidade.
E como ocorreu com as riquezas dos templários, pilhados e acusados de bruxaria, e queimados pelos seus "crimes" - ainda que o interesse fosse pela riqueza acumulada e pelas terras em grande quantidade que os templários tinham, que concorriam com as riquezas da Igreja e mesmo com as do rei francês na época -, o Estado e a Igreja perceberam o quanto teriam de poder e riqueza se usassem a desculpa da heresia e se livrasse de judeus, mouros e de seus descendentes, mesmo os convertidos aos catolicismo. Pois, como é citado no livro, "nem judeus nem mouros seriam capazes de ameaçar a unidade da fé", mas isto puderia ser usado para legalmente roubar o que eles tinham conseguido acumular.
Em si, a natureza humana jamais se altera em questões que se utilizam de termos e regras para reafirmar o que desejam que populações (no caso, de Portugal e Espanha do início da idade moderna, iletradas!) acreditem e sigam; produzindo, então, corpos e mentes mantidos sob o controle do medo e com suas atenções desviadas das péssimas administrações que os regem e do fato de que a falta de criticismo e de dúvidas, é o que mantêm a centralização do Poder nas mãos de um pequeno grupo: no caso, o Estado.
Pois, mais do que pela "manutenção da fé", a Inquisição foi criada e manteve-se na Espanha e em Portugal pelas necessidades Políticas dos governantes dos dois reinos de controlar o povo e pilhar aqueles que pudessem ser usados como justificativa para os males que assolavam a Península Ibérica. 
Dizer que uma nação passar fome (para além dos problemas climáticos) não é culpa dos péssimos governantes, que apenas gastam e oneram o povo, mas, sim, de um grupo sem Poder ou meios de alterar as Estruturas, é o que de mais sórdido e fácil que quem detém o poder e as riquezas faz através da História humana.
Usar os judeus como bodes expiatórios para os graves problemas que as nações ibéricas enfrentavam e ao mesmo tempo obter o dinheiro para expulsar a eles e aos mouros, foi o que os reis espanhóis e portugueses perceberam ser o acertado a fazer em benefício deles próprios.
A Tortura era algo instituído como "correto" e era praticada sobre qualquer pessoa; até mesmo contra crianças. O assassinato pelo fogo, vulgo, queimar vivo era algo que ocorria em grande escala. Porém, o mais chocante era o quanto os "crimes" de que as pessoas eram acusadas eram fruto da hipocrisia, que se tornara "um vício nacional" em alguns países.
Uma pessoa era denunciada e podia chegar (muitas vezes chegava!) a ser queimada viva por causa de um "Ouvi dizer"; dito por alguém ou arrancado de um preso torturado pelos homens brancos "puros" autodeclarados "Inquisidores". E com isso, a Inquisição, apesar de sua exemplar organização em destruir vidas e pilhar bens (motivo central de sua existência) em benefício próprio ou do rei, mantinha-se por meio de uma sadismo legalizado, prejudicando todo o avanço de uma sociedade; gerando o espaço para a percepção de que, mesmo nas terras do continente americano, ao invés de levar justiça, usavam da religião como desculpa para visar e roubar aqueles que se mostravam mais lucrativos para os cofres reais e inquisitoriais.
A Inquisição também possuía os crimes mais absurdos e carregados de preconceitos, que se baseavam em um absoluto vazio moral que era a opinião pessoal de um grupo em relação ao outro. Por costume,  se condenava judeus. E mesmo quem não era judeu, era condenado por... "judaísmo".
Também havia os crimes ridículos (houve pessoas que foram presas pelos inquisidores por comer carne na quaresma, comer antes de se confessar, ser gay, chamado de sodomia na época e ainda hoje em alguns países hipócritas,  por blasfemar, ou seja, xingar, não comungar, ser bruxa/feiticeira (esta se não fosse incluída, não seria uma "boa" misógina e hedionda Inquisição!), por heresia (mas em terra de pessoas iletradas nem se sabia direito como explicar o que era uma "heresia", mas se prendia, mesmo com esses "atos indeterminados", por convicção sobre heresia), por "judaísmo" (o racismo contra judeus era vergonhoso e institucional), por ler se não fosse o que a Inquisição queria que lessem, e, por fim, por falar mal do santo ofício) que podiam render até mesmo condenação na fogueira; não era costumeiro acabar nisso, já que se tinha a Tortura para compensar.
Os auto-fé (quando muitas vezes dezenas de pessoas eram queimadas vivas) eram deixados para os "dias de comemoração" pelo casamento de alguém da realeza ou coisa similar. Então, quando não se queimava alguém vivo em uma fogueira, torturava-se a pessoas até enlouquecê-la; e ela ou se matar ou permanecer mutilada pelo pouco que lhe restava de vida.
Falando sobre os Mutilados: a perversidade da Inquisição pode ser medida por isto também (para além de que na hora de matar alguém queimando vivo, a Inquisição passava o fogo para o Poder civil, para que não dissessem que eram eles que acendiam a fogueira. Ou seja, hipocrisia em toda a sua face pura e perversa). Os mutilados eram pessoas que, para além de terem seus bens roubados, caso fossem condenados porém soltos das prisões inquisitoriais, saiam com marcas indeléveis. Como um escritor português que teve as mãos destruídas; seu sustento destruído e seus bens roubados era a forma de dizer que os homens da Inquisição era 'benevolentes'. Provavelmente isto era notabilizado para os próprios inquisidores e para um povo que por medo de prisão, tortura e assassinato não ousava retrucar diante de tamanha hipocrisia e baixeza.
Não se pode se esquecer também da Censura, o péssimo hábito, que 'também'  havia naquela época, em se dizer o que as pessoas podiam ler ou não,  imprimir ou não. Em Portugal, Espanha e no território americano a Inquisição agiu como todo braço autoritário faz: proibiu, alterou, rasgou e queimou livros. E se a pergunta é "por que eles faziam isto?", era porque um povo que não tem acesso a leitura e nem a percepção sobre a opressão que sofre é um povo mais facilmente dominável e controlável.
Assim, a Inquisição não passava de um grupo de terror que focava no que obteria das pessoas (quando alguém da realeza casava, sempre havia um auto de fé para roubar o dinheiro de quem era "interessante" prender e talvez, queimar na fogueira (porque casamento custa caro e a realeza nunca gostou de trabalhar para pagar por seus próprios e perdulários gastos!)); e esta instituição jamais trabalhou para que as sociedades destes reinos e das colônias evoluíssem, se instruírem e alcançassem o nível de desenvolvimento dos demais, porque seria a ruína da própria inquisição mantida sobre a ignorância das pessoas e a hipocrisia do próprio santo ofício.
Mas se fazia explícito os interesses da Inquisição, como já dito acima,  que resumiam-se em prender usando a fé como justificativa para espoliar quem eles quisessem; se possível alguém rico do grupo dos costumeiramente visados cristão-novos; ou algum outro que se pudesse acusar de algo que parecesse aceitável aos olhos dos homens de "puros".
É preciso entender que, lembrando sobre o "crime" de "falar mal do santo oficio", quanto mais a pessoa fosse esclarecida e capaz de perceber os "pés de barro" da Inquisição, ou seja, sua hipocrisia dogmática, sua ganância focada na obtenção do lucro fácil por meio do roubo legalizado e sua inapetência em lidar com as pessoas que não se adequassem aos seus interesses,  mais este 'crítico' se via na mira dos 'homens de bem' daquela época; sendo muitas vezes, estes esclarecidos vindos do próprio clero, indignados com as práticas sádicas inquisitoriais objetivadas em ganhos materiais para além do que afirmavam que faziam: "salvar almas".
Giordano Bruno, Manuel Lopes de Carvalho entre outros foram membros do clero que se indignaram e falaram contra a hipócrita e sádica Inquisição e sua egomania de "infalibilidade", buscando expor o quanto de nada puro havia na organização autoritária que oprimia e reprimia pessoas; se arvorando ser para "salvá-las, e à comunidade, de si mesmas e de seus pecados", mas nos "bastidores" visavam apenas o quanto de riquezas obteria prendendo, torturando ou matando. Mas principalmente quem se "rebelava" mostrava o quanto grupos autoritários como a Inquisição, apoiados e mantidos por governos coniventes e oportunistas, são capazes de destruir todo o avanço de um povo, jogando-o nas trevas da ignorância e da estupidez.
Por isso, torna-se tão importante discutir e esclarecer sobre o que foi a Inquisição e mostrar o que de equivocado e perigoso se esconde sob uma capa de pureza inexistente e de sabedoria chauvinista; pois ambas jamais se baseiam em ganhos para todos, mas, sim, na manutenção do Poder e do Controle nas mãos de poucos, vulgo, elites, e na submissão pelo medo e pela ignorância de muitos, vulgo, Povo.
Além disso, é necessário se perceber porque repetidas vezes a Humanidade volta a lidar com extremismos amparados por discursos autoritários e inaceitáveis que afirmam supremacias fantasiosas e tolerância ao ódio contra quem escolhem como "diferente". A Inquisição, usando outro nome, ainda sobrevive dentro da própria Igreja Católica e no passado recente, foram endossadas suas vergonhosas práticas por um papa do século XX. Contudo, organizações criadas para coibir, incutir o medo e causar destruição dentro de uma sociedade jamais deve ser tolerada, pois se baseiam em opiniões e visões pessoais contra outras pessoas e nos ganhos materiais  que tentar controlá-las ou destruí-las podem gerar.
A Inquisição mostrou-se intolerante e intolerável. Autoritária e sádica apenas, e como sempre, pelo que obteria com sua ganância. Corrupta e perversa ainda que, em seu discurso, clamasse por uma suposta e não capaz de obter (por sua mortalidade e falibilidade) "salvação de almas". E extremamente arrogante por acreditar que simples homens, apenas pelo seu nascimento, teriam o direito de decidir sobre a vida e a morte de outros.
No século XXI como no século anterior, ainda se vê na Igreja as nuances dos adeptos da Inquisição por meio de discursos intoleráveis e absurdos, muitas vezes ditos em concordância com crimes graves, como a pedofilia; bem como, figuras políticas vêem com bons olhos as práticas abjetas cometidas no passado por este tipo de controle ditatorial (comparado pela autora à Gestapo nazista) por terem gerado ganhos vultosos para quem os apoiou no passado, no caso, nobreza e realeza; hoje, políticos extremistas e burguesia empresarial.
Porém, também pode-se perceber que neste mundo, em que em grande parte não mais aceita que a hipocrisia e o medo sejam palavras de ordem, um erro que trouxe prejuízos sociais, intelectuais, econômicos, culturais, tecnológicos, materiais entre outros para Portugal, Espanha e para os territórios colonizados, como o erro que a Inquisição foi não terá tanta facilidade em se repetir sem que haja uma lógica, racional e correta resistência.

Este é um livro que valerá a leitura por cada apontamento que faz sobre a História de um dos momentos mais sombrios de Portugal, Espanha, Brasil e demais colônias na América e que será sempre uma ótima recomendação.

Até a próxima leitura!