Eu ♥ Este Livro #2

23 janeiro C. Vieira 0 Comments

Olá, como vai?

O segundo livro da minha seleta (e enorme!) coleção de chamegos sorteado é...

A Sociedade Literária e a Torta de Casca de Batata, de Mary Ann Shaffer e Annie Barrows
A Sociedade Literária e a Torta de Casca de Batata 


Dizer que eu gosto deste livro é algo bem simplificador ou superficial. Os motivos é que são válidos. A Sociedade Literária e a Torta de Casca de Batata (que título mais maluco!) envolve-nos à medida que tomamos conhecimento do cotidiano das pessoas por meio das cartas de Juliet. Eu disse que o livro é escrito em cartas? Não? Bem, a personagem principal narra por meio de sua correspondência com amigos os acontecimentos de sua mais nova aventura desde que se tornara uma escritora.

Eu não falei que ela era escritora?...


Ora, é claro que não! Um dos motivos de eu gostar deste livro é exatamente porque sua personagem de destaque faz parte deste mundinho tão gostoso que é o da escrita e da leitura de livros. Eu, às vezes, me perco procurando novos enredos envolvendo profissões diferentes do usual, do clichê - ainda que existam muitos livros com enredo em que um escritor ou especialista na área é o principal personagem, vide O Clube Dumas, de Arturo Pérez-Reverte, As Memórias do Livro, de Geraldine Brooks (do qual depois falamos mais), Não se Esqueça de Paris, de Deborah McKinlay  e O Iluminado, do Stephen King. Mas é difícil não se sentir inspirada a também escrever depois de ler A Sociedade Literária e a Torta de Casca de Batata.
A história foca-se primeiramente em Juliet Ashton e em seu trabalho após o fim da Segunda Grande Guerra. O objetivo dela é encontrar a próxima história para seu novo livro. Infelizmente, ela é uma escritora um pouco (muito!) excêntrica, que não gosta de agir (ou reagir) como uma mulher comum de sua época e, por isso, não consegue focar-se em assuntos que não a instiguem, ainda que seu editor a pressione constante e divertidamente. Na verdade, é difícil vê-la se focando em algo trivial sem se atrapalhar, bufar e querer fugir do lugar. À caça deste novo tesouro para lapidar, Juliet recebe a carta de um  leitor de Charles Lamb que, intrigado ao encontrar o nome da escritora num livro deste escritor, decide escrever à ela. A troca de cartas entre Juliet  e o leitor é divertida e a leva a cogitar aceitar o convite dele de visitar sua pequena cidade de (incrível?!) leitores, que vou definir pela sinopse do livro como "um charmoso, engraçado, profundamente humano elenco de personagens - de suinocultores a frenologistas -, todos, amantes da literatura."
Dá para não se apaixonar com uma turma dessas?
Juliet se corresponde com todos os moradores da pequena e guerreira cidade de Guernsey, fincada numa ilha que, durante a guerra, fora ocupada por nazistas. Completamente envolvida pelas histórias de superação, regadas a planos divertidos e insanos que os moradores criavam, Juliet decide ir para lá e, para sua surpresa, sua vida nunca mais será a mesma depois disso.
Para entender mais sobre o livro, é preciso lê-lo. Além de ser um pequeno, ainda que fictício, relato sobre o mundo da época da Segunda Grande Guerra (a transformação que a vida das pessoas sofre com a ocupação de um invasor, muitas vezes, cruel) A Sociedade Literária e a Torta de Casca de Batata fala sobre amor, amizade, solidariedade e esperança. É um pequeno tratado à vida (e eu nem gosto do assunto, né?) e o que podemos tirar de bom dela, apesar dos percalços, tropeços e barreiras.
Quando comecei a lê-lo, achei a capa linda (e eu detesto julgar livros pela capa!), e algo me dizia que ela fazia jus ao conteúdo. Li que algumas pessoas não gostaram do formato do livro, em cartas. Mas eu percebi algo que, no nosso mundo moderno, perdemos gradativamente para sms, texto de no máximo 140 caracteres e post rápidos para redes sociais: o prazer de escrever algo, sem pressa, para alguém que também não teria, supostamente, pressa para ler. Este livro é um pisão no freio de nossas vidas agitadas e velozes. Pede que paremos e leiamos as engraçadas, divertidas, às vezes, tristes, mas sempre inspiradoras cartas dos moradores de Guernsey para Juliet, e dela para todo mundo.
Eu me senti indo mais devagar ao ler A Sociedade Literária e a Torta de Casca de Batata, não muito preocupada em chegar ao final e descobrir algum desfecho de mistério (ah, sim, tem um certo número de mistérios muito legais a desvendar!). O fato é que quando até Oscar Wilde passa a fazer parte de uma história (é, ele está lá...), uma boa leitora ou um bom leitor tem a obrigação de diminuir a velocidade de sua vida e embarcar para Guernsey, comer um pedaço da Torta de Casca de Batata (sim, a história da criação da torta é uma das melhores!) e se sentar preguiçosamente entre os leitores de Guernsey para vê-los contar sobre livros, sobre a vida e tudo mais.
Eu recomendo, eu quero que leia e se achar legal, me conta depois.
Outra coisa que recomendo?
Escreva uma carta ou um e-mail (se achar que vai esquecer o que ia escrever e e que o correio demora demais) para quem você ama, quem estima ou mesmo considera. Ou para um/a desconhecido/a com quem gostaria de se corresponder. Fala do dia-a-dia, das coisas inusitadas que te aconteceram nesta semana ou na passada, ou simplesmente conte de um novo projeto, ideia ou paixão por algo que desenvolveu com o tempo. Mas escreva! Porque as cartas podem te levar a encontrar pessoas diversas (ou as mesmas) em situações e momentos muito diferentes do que imagina. Quem sabe, até mesmo, uma sociedade literária...


Até o meu próximo amor literário!

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