A Caderneta Vermelha: Entre Anotações e a Nostalgia do Possível

21 março C. Vieira 1 Comments


AVISO: Estas notas contêm spoilers do livro!

Isto não é uma resenha!
Ou talvez também o seja.
Mas é mais as notas que sempre gosto de criar enquanto leio um livro.

Enfim, bon appétit!

1. Gostei do gato da menina! Gostei do NOME do gato! Então tive de pesquisar enquanto lia. A raça chama-se Maine Coon e achei impressionante o tamanho do "bichinho".

2. Um dos personagens possui uma livraria e, para mim, isto é uma característica positiva para uma pessoa. É claro que não é uma imediata qualidade, mas ter acesso a tantos livros muda a vida de uma pessoa. Já se ela mudará o mundo usando isto, é uma outra história.

3. A citação de obras e autores encaixou bem nesta narrativa. A vontade que fica é de ler cada um dos livros reais cujos títulos são apresentados. Ou sondar, buscando saber mais sobre as obras dos autores que o personagem livreiro apresenta.

4. Uma coisa que sempre acontece em romances: o personagem principal, um deles, não explica quem realmente é e se mete em encrenca.

5. Então, um personagem supostamente elogia o outro dizendo, "Você parece ser um 'homem de bem'", e é automática a ojeriza ao "elogio". rs

6. O que é a realidade?, me lembra de uma jovem em um livro não terminado de ser escrito que indagou, "O que é real?"

Alguém sabe?

7. A NOSTALGIA DO POSSÍVEL persegue a todos os seres racionais e se mantém como um amigo que sempre nos recorda daquele 'e se', daquela curva, daquela esquina da vida que não dobramos por vários motivos. Responsabilidades, inseguranças, resignações, raiva, medo...

8. Eu achei muito estranho a reação da personagem feminina após o momento traumático de ser assaltada, agredida e ficar em coma. Ela voltou alguns dias depois à sua rotina diária sem qualquer alteração, medo ou inseguranças que perpassam qualquer vítima de uma tentativa de latrocínio. Foi realmente surreal e acredito que o autor foi infeliz em não ter trabalhado melhor este pós-trauma.

E este foi meu único e incomodo 'exceto' neste pequeno livro.

9. É interessante que no final, um personagem venha a agir quase como o outro, em uma "caça ao tesouro" que encerra o ciclo. O livro infelizmente é muito pequeno. Acredito que ele poderia ser mais robusto pois tinha capacidade para tal.

Há muitas obras, incluindo nisto algumas que li, que se tivessem cem páginas seriam o suficiente, pois o nível de tergiversação, com os autores lutando para estender um enredo fraco e insípido, é insuportável.

Mas 'A Caderneta Vermelha' demonstrou que é possível amarrar bem uma pequena história. O livreiro é um personagem verossímil e encantador em suas reflexões e conceitos filosóficos, morais e éticos. Suas dúvidas sobre vida e morte são realmente relevantes, e dificilmente alguém, na idade adulta, não se viu diante dos mesmos questionamentos que ele se faz.

E o restante dos personagens são bons. Poderia ter mais informações sobre eles. Mesmo a personagem feminina que é o tema da primeira "caçada". Ela parece merecer que fosse mais explicitada a sua história e suas ações, para além da caderneta vermelha.

Foi um prazer ler este livro! Ele é bem curto, mas possui qualidade e enredo que prendem quem o lê até a última página.

P.S.: O gato preto é um show à parte!

Um comentário:

  1. Muito interessante a sua narrativa de leitura. Deixa a gente com aquele gostinho de quero mais. Adorei!
    Abraço fraterno!

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