As Brigadas Fantasma: Sobre Escolhas e suas Consequências

31 dezembro C. Vieira 0 Comments

É impossível falar desta série, Guerra do Velho, sem cair no clichê de descrições como maravilhoso, incrível, empolgante e angustiante, pois cada livro comporta cada um destes adjetivos.
Este, no caso, fala especificamente sobre as Forças Especiais. Seres humanos criados em laboratório apenas para serem usados em batalhas fora do planeta. Eles são mais rápidos, respondem de maneira mais eficiente e eficaz do que as Forcas Coloniais "comuns" e são condicionados desde o nascimento a aceitarem que seus objetivos de vida é defender a humanidade.
Algo que poderia ser explicado a soldados, mas para os que integram as Forças Especiais é um dever.
E imaginar seres humanos ainda que geneticamente melhorados tendo de nascer já adultos e com este dever imposto como norte de vida sem qualquer escolha é a parte que realmente gera angústia.
A estória acompanha o soldado Jared Dirac e toda a confusa que criam em sua vida (a criação dele em si é uma baita confusão!) por esperarem dele duas coisas que ele não escolheu para si. Primeiro, ser um soldado ainda que não sentisse um desejo ou inclinação para a guerra; e o segundo, que ele fatalmente se tornasse um traidor.
E por isso a estória prende a atenção pois nos faz questionar até que ponto um ser humano escolhe algo e quando ele na verdade é condicionado a agir de uma determinada maneira. Seguir os passos de Dirac sem saber quais escolhas ele fará ainda que seja um soldado proibido de escolher (caso sejam escolhas importantes), nos leva a pergunta do que faz uma pessoa trilhar um caminho equivocado. Seria algo inato, a pessoa nasceria para o mal? Ou seria uma combinação de experiências de vida somada a reflexão que se seria capaz de fazer sobre os próximos passos a dar.
E foi isso o que o soldado Dirac mostrou neste livro. E não apenas ele. Também a corajosa tenente Jane Sagan e seu valente pelotão.
Então, excetuando o final, que eu já supunha ter apenas dois caminhos (e eu odiei ambas serem as únicas escolhas do personagem principal masculino), a estória foi, como eu disse acima, brilhante!
Ficção Científica de guerra é algo que não me atrai muito. Eu amo Ficção Científica, mas tenho dificuldades (ou bom senso) em ver qualquer tipo de conflito como "única" solução para quaisquer problema. Porém, a escrita de Scalzi nos leva a perceber todos os lados em relação ao uso da força como maneira de "desbravar novos horizontes". E apesar de sempre mostrar que todas as raças inteligentes disputam territórios destruindo uns aos outros, o autor criou personagens carismáticos que não apenas questionam se "são feitos para estarem em batalha" como também se há lógica nas guerras criadas. E mais ainda, gera a pergunta sobre quem realmente está por detrás da criação destes conflitos.
O livro, na verdade, mostra exatamente o quanto desviamos do mote de sermos humanos para nos tornarmos monstros, apenas pela megalomania ser tão forte que desejamos governar um raça inteira, quem sabe, até mais de uma.

Por isso, 'As Brigadas Fantasma', apesar de eu considerá-lo um livro muito pequeno, vale à pena a leitura.

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